terça-feira, 5 de novembro de 2013


Setembro é conhecido como o mês da Pátria, mas novembro também é de comemoração, dia 15 é o Dia da Proclamação da nossa República. Na verdade, para a Pátria, devem ser todos os dias. Todo mundo sabe que existe o hino da república, porém, nosso hino nacional é o mais conhecido, mesmo que poucos entendem o significado de muitas palavras nele contidas.
Segue uma contribuição de uma professora da EE Cel Artur Tibúrcio, de Passa Quatro, que pesquisou e compartilhamos com vocês.

 1. Ouviram do Ipiranga às margens plácidas / De um povo heróico o brado retumbante
As margens plácidas do (rio) Ipiranga ouviram o brado retumbante de um povo heróico. 
Plácido quer dizer calmo. Dom Pedro I vinha de Santos, ao longo do rio Ipiranga, quando tomou a corajosa decisão de declarar a independência do Brasil.
Brado é grito. Retumbante é estrondoso, barulhento, para fazer um contraste com a placidez das margens. 
Poderíamos parafrasear (escrever de outra forma) este verso assim: As margens calmas do rio Ipiranga ouviram o grito estrondoso de um herói (Dom Pedro I), que representava todo o povo brasileiro. 
O riacho Ipiranga nasce junto ao Zoológico de S. Paulo. Era de costume na época inverterem-se as frases à moda latina. 

2. E o sol da liberdade em raios fúlgidos / Brilhou no céu da Pátria nesse instante.
Fúlgido significa brilhante. Mas não dava pra dizer: "raios brilhantes brilhavam" porque iria parecer repetitivo e pobre. O grito de "Independência ou Morte" transformava uma nação colonial, dependente de Portugal, em um novo país autônomo e livre. Duque Estrada compara a liberdade a um sol brilhante que ilumina o céu (Pátria), antes obscurecida pelo colonialismo. 

3. Se o penhor dessa igualdade / Conseguimos conquistar com braço forte, Em teu seio, ó liberdade, Desafia o nosso peito a própria morte!
Penhor equivale a garantia, segurança. É comum a gente penhorar algo de valor (em troca de dinheiro) e receber um papel que garanta a recuperação daquilo que foi penhorado. O Brasil passou a ser independente e, portanto, conquistou o penhor da igualdade, ou seja, daquele momento em diante, Portugal e Brasil eram nações iguais, sem que uma fosse superior à outra. E a frase continua, dizendo: o nosso peito desafia a própria morte.
Simplificando: agora que o povo brasileiro conquistou seu passe para a liberdade, através de sua força e coragem, inspirado nesta nova liberdade não hesitará em enfrentar a própria morte (isto é, se tiver de lutar e morrer, o povo não sentirá medo). A frase pode ser reescrita assim: através de nossa coragem conquistamos uma igualdade de condição com quem antes era nosso colonizador e, para manter esta situação de liberdade, estamos prontos a sacrificar a própria vida. 
  
4. Ó Pátria Amada, Idolatrada/ Salve! salve!
 Idolatrar é transformar algo ou alguém em ídolo, como se costuma fazer com artistas de modo geral. Salve equivale a uma saudação. Originalmente se dizia; "Deus te salve!" 

5. Brasil, um sonho intenso, um raio vívido / De amor e de esperança à terra desce, / Se em teu formoso céu risonho e límpido  / A imagem do Cruzeiro resplandece!
Vívido é intenso, ardente, vivo. Formoso é belo. Límpido significa transparente, claro. Resplandecer equivale a brilhar ou luzir intensamente. Aqui o poeta compara o Brasil a um sonho intenso, porque ainda tem muito a realizar. Sabe-se que o Cruzeiro do Sul é uma constelação que aparece no céu do Brasil. Ela tem a forma de cruz, que nos lembra Jesus Cristo e as práticas cristãs. Portanto, vamos refazer os versos para entender o sentido: O Brasil é como um sonho intenso e, já que em nosso céu límpido a cruz de Cristo resplandece, desta cruz desce um raio brilhante que ilumina o Brasil. Ou seja, o Brasil está sob o amparo e a proteção de Cristo. 

6. Gigante pela própria natureza / És belo, és forte impávido colosso, / E o teu futuro espelha essa grandeza.
Se você olhar o mapa mundial, vai notar que o Brasil é o quinto maior país do mundo (depois de Rússia, Canadá, Estados Unidos e China). Com mais de 8.500.000 de Km2, o Brasil é naturalmente gigantesco.
Note que às vezes os poetas têm o costume de falar diretamente com as coisas, como se elas fossem pessoas: "és belo, és forte..."
Impávido significa sem medo: destemido, corajoso. Colosso é uma pessoa ou objeto de tamanho muito grande. Vamos reescrever a frase: Tu (Brasil), és belo, forte e, graças ao tamanho imenso que a natureza te deu, não tens medo de nada. Além disso, a tua grandeza de hoje vai se revelar no futuro. 

7. Terra adorada, entre outras mil, / És tu Brasil, ó pátria amada!  / Dos filhos deste solo és mãe gentil, Pátria amada, Brasil!
Este trecho é mais fácil de se entender, embora também utilize algumas inversões:
Brasil, tu és nossa terra adorada e te escolhemos entre outras mil terras; tu és nossa pátria amada, mãe gentil (carinhosa) dos filhos deste solo (de nós, brasileiros).

8. Deitado eternamente em berço esplêndido / Ao som do mar e à luz do céu profundo,  / Fulguras, ó Brasil, florão da América,  / Iluminado ao sol do Novo Mundo!
Esplêndido é maravilhoso, deslumbrante. Fulgurar é brilhar, resplandecer. Também pode significar distinguir-se ou sobressair (entre outros). Florão é uma decoração bonita e grande em forma de flor.
A idéia que Duque Estrada quer transmitir é a de que a localização geográfica do Brasil é mesmo muito privilegiada: as montanhas, as matas, os rios, toda a natureza formam a imagem de um berço (porque, além do mais, o Brasil, uma nação que se tornara recentemente independente, era como um imenso país recém-nascido). 
"Ao som do mar", porque temos um litoral vasto com belíssimas praias; "e à luz do céu profundo", isto é, ensolarado, típico dos trópicos. 
O "sol do Novo Mundo" coloca o Brasil mais uma vez como uma nação jovem e promissora. O velho mundo (Europa) conquistou e colonizou o novo mundo (América). 
Vamos reescrever: Brasil, tu possuis uma localização espetacular, com uma natureza rica, muito mar e sol. Por isso, entre outras nações da América (Novo Mundo), tu te destacas como um florão.

9. Do que a terra mais garrida / Teus risonhos lindos campos têm mais flores,  / "Nossos bosques têm mais vida", / "Nossa vida" no teu seio, "mais amores". / Garrida é colorida, alegre, vistosa.
Teus risonhos lindos campos têm mais flores do que a terra mais garrida (vistosa). Ou seja, nossa natureza é mais colorida e bela que a de outras terras.   Nossos bosques têm mais vida (mais beleza e vitalidade). 
Nossa vida, em teu seio (dentro de ti, Brasil), mais amores.  Equivale a dizer que nós, brasileiros, por vivermos no Brasil, somos mais capazes de amar. As aspas são usadas por Duque Estradas no original, pois representam citações dos versos de Gonçalves Dias em "Canção do Exílio": Minha terra tem palmeiras, 
Onde canta o sabiá... ...Nosso céu tem mais estrelas,  Nossas várzeas têm mais flores, Nossos bosques têm mais vida, Nossa vida mais amores. 

10. "Ó Pátria amada, / Idolatrada / Salve! Salve!
Idolatrar é transformar algo ou alguém em ídolo, como se costuma fazer com artistas de modo geral. 
Salve equivale a uma saudação. Originalmente se dizia: "Deus te salve!" 

11. Brasil, de amor eterno seja símbolo / O lábaro que ostentas estrelado / Ostentar é mostrar com orgulho.
Um lábaro era um estandarte muito usado pelos romanos e aqui está representado por nossa bandeira, repleta de estrelas. O poeta compara a bandeira a um estandarte e deseja que ele represente o amor eterno. 
O verso está invertido. Deve-se ler: Brasil, o lábaro que ostentas estrelado seja símbolo de amor eterno. 
O poeta está tentando dizer: tomara que as estrelas da tua bandeira sejam símbolo de amor eterno.

12. E diga ao verde-louro desta flâmula / Paz no futuro e glória no passado.
Flâmula aqui, é sinônimo de bandeira. O louro é uma planta. Com seus galhos e folhas os imperadores romanos eram coroados. Portanto, simboliza poder e glória. Mais uma vez, vamos olhar para a bandeira. Duque Estrada torce para que o louro da bandeira simbolize um poder que venceu batalhas gloriosas no passado, quando isso foi necessário para se conseguir a independência, mas só deseja paz daquele momento em diante, pois o verde, além da esperança, também simboliza a paz. 

13. Mas se ergues da justiça a clava forte / Verás que o filho teu não foge à luta, / Nem teme quem te adora a própria morte.
Clava é um pedaço de pau pesado (mais grosso numa ponta que na outra), que era usado como arma. 
Vimos que, no verso anterior, o poeta sonha com a paz no futuro.
De repente, entretanto, este novo verso diz: mas se ergues (levantas) a clava forte da justiça, ou seja, se o país tiver de lutar contra a injustiça, verás que um brasileiro (filho teu) não foge à luta (enfrenta a guerra). 
E quem te adora não teme nem a própria morte, quer dizer, os brasileiros adoram tanto o seu país que seriam capazes de sacrificar suas próprias vidas para defendê-lo.

14. Terra adorada, entre outras mil, / És tu, Brasil, ó pátria amada!  / Dos filhos deste solo és mãe gentil, Pátria Amada, Brasil!
Este trecho é mais fácil de se entender, embora também utilize algumas inversões: Brasil, tu és nossa terra adorada e te escolhemos entre outras mil terras; tu és nossa pátria amada, mãe gentil (carinhosa) dos filhos deste solo (de nós, brasileiros). 

A seguir um texto escrito por um aluno: pelas manifestações ocorridas no Brasil, no ano de 2013, Cruzília, 23 de Junho de 2013 / “Mãe Gentil, baseado no Hino Nacional Brasileiro – Autor Leonardo da Silva Rodrigues”, aluno do 9º ano).

 foto tirada de um mural na EE Nilo Peçanha - Itamonte




MÃE GENTIL           
 O mesmo grito que ouviram às margens plácidas do Ipiranga, se faz clamor de um povo que ainda tem a esperança de ver brilhar no céu de uma Pátria, os raios fulgidos e o Sol da liberdade. Com braço forte e o peito aberto desafiando ate o fim os direitos da mãe Pátria, tão amada e idolatrada!
            É o grito de um Brasil que sonha um raio vívido no qual de amor e esperança a terra desce, debaixo do sol que brilha neste céu risonho e límpido e faz resplandecer a imagem da cruz que encoraja mais ainda, jovens, adultos e idosos a percorrerem o solo da mãe gentil.
            Um povo que não se vê deitado mais em berço esplêndido e já nem é o florão da América, muito menos o Sol que fulguras o novo mundo. Nossos bosques cheios de vidas, mas muitas delas chagadas pela indiferença que se alastra na miséria de seus homens e mulheres vítimas da corrupção de seus governantes.
            Paz e justiça é o que pedimos, pelas glórias e conquistas do passado. Que não seja mais preciso usar a clava forte, vendo que a luta dos filhos teus está na sua liberdade de expressão.
            A cada dia percorrido, este é o grito da Terra adorada, que faz ressoar pelas avenidas mais simples até as grandes metrópoles de arranha-céu, o grande hino da voz do povo brasileiro, que grita por um país melhor, que clama Ordem e Progresso!


Biografia de Leonardo – aluno 9º ano K da EE Monsenhor João Câncio/Cruzília
Nasci no dia 17 de julho de 1998 no hospital Dr. Candido Junqueira na cidade de Cruzília – MG. Meus pais são José Maria Rodrigues e Joana D’arc da Silva. Sou uma pessoa comunicativa e graças a isto tive inúmeras oportunidades de desenvolver o teatro desde pequeno. Gosto muito de escrever também, coloco “poesia” em qualquer texto meu, por mais simples que seja. Como um adolescente normal tenho minhas amizades, muitas delas desde quando entrei nos anos iniciais da escola, e conservadas na E.E. Monsenhor João Câncio, escola esta onde aprendi a escrever, a desenvolver habilidades artísticas e teatrais. Na minha opinião, em um mundo tão moderno como o nosso, é importante que aproveitamos as tecnologias para praticar habilidades culturais seja no teatro, na música e na dança para que não sejam esquecidos estes importantes aspectos que só envolvem nosso país.


PARABÉNS AO ALUNO E À ESCOLA.
EQUIPE PEDAGÓGICA - SRE-CAXAMBU

Nenhum comentário:

Postar um comentário